Linguagem e Ideologia



FACULDADES INTEGRADAS DO EXTREMO SUL DA BAHIA

ARIANA MATOS






ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS





PORTUGUÊS INSTRUMENTAL II






EUNÁPOLIS
2011





ARIANA MATOS








RESENHA CRÍTICA DO LIVRO “LINGUAGEM E IDEOLOGIA” DE JOSÉ LUIZ FIORIM




Trabalho apresentado ao Curso de Administração de Empresas das Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia, para a disciplina de Português Instrumental II sob a orientação da professora Eliane Souza.





EUNÁPOLIS
2011


1.   INTRODUÇÃO

Com intuito de compreendermos a linguagem como um elemento muito além da comunicação e seu vínculo com a ideologia. Analisaremos a obra “Linguagem e Ideologia” de José Luiz Fiorin, uma renomada obra, que abrange a linguagem como um todo e a ideologia como determinação dessa linguagem.
Com embasamento na obra, e com discussões desenvolvidas em sala acadêmica, discorremos este trabalho em três partes: (1) as credencias do autor e da obra, com objetivo de conhecermos um pouco mais a história da obra e do autor seu desenvolvimento ideológico; (2) conhecimento, nesta parte o resenhista compartilha uma breve síntese da obra, explanando algumas teses expostas na obra e (3) reflexão crítica, uma conclusão do resenhista e sua crítica.
Este trabalho foi elaborado como exteriorização a partir das inúmeras leituras e reflexões sobre a obra, o significado individual sobre linguagem e ideologia e os tantos outros elementos abordados na obra de Fiorin, obviamente que as reflexões exposta neste trabalho acadêmico não serão, tão expressivas como a obra, pois esse objetivo diante de tão brilhante obra  e ilustre autor, necessitaria de mais anos de formação ideológica, porém são compreensões e conceitos desenvolvidos como um esboço.
Como o autor mesmo cita, se esse trabalho revelar equivocado só resta exclamar: “é maravilhoso! A coisa mais importante de dizer sempre é: eu me enganei.” (FIORIN apud JAKOBSON, 2007, p.07). No fim o grande e engenhoso plano é refletir.





2.        CREDENCIAS DA OBRA E DO AUTOR

2.1.        Referência Bibliográfica da Obra

            FIORIN, José Luiz. Linguagem e Ideologia. 8° Ed. São Paulo: Ática, 2007.

2.2.        Apresentação do Autor

            José Luiz Fiorin (Birigui, 1942) é um renomado professor e linguista brasileiro. É um dos maiores especialistas brasileiros em Pragmática, Semiótica e Análise do Discurso, com centenas de publicações nessas áreas. É graduado em Letras pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Penápolis (1970), defendeu mestrado em Lingüística pela Universidade de São Paulo (1980) e doutorado em Lingüística pela Universidade de São Paulo (1983). Fez pós-doutorado na École des Hautes Etudes en Sciences Sociales, (Paris, França), (1983-1984) e na Universidade de Bucareste, (Bucareste, Romênia), (1991-1992). Atualmente é Professor Associado do Departamento de Lingüística da FFLCH da Universidade de São Paulo. Foi membro do Conselho Deliberativo do CNPq (2000-2004) e Representante da Área de Letras e Ligüística na CAPES (1995-1999). Tem experiência na área de Lingüística, com ênfase em Teoria e Análise Lingüística, atuando principalmente nos seguintes temas: enunciação, estratégias discursivas, procedimentos de constituição do sentido do discurso e do texto, produção dos discursos sociais verbais.
           
           



3.        CONHECIMENTO

3.1.        Perspectiva Teórica da Obra

Segundo Fiorin “A nossa intenção é verificar qual é o lugar das determinações ideológicas neste complexo fenômeno que é a linguagem, analisar como a linguagem veicula a ideologia, mostrar o que é que é ideologizado na linguagem.” (FIORIN, 2007, p.07).
Há duas maneiras opostas de abordar o fenômeno linguístico de acordo com a obra: uma se preocupa somente em analisar internamente a linguagem, estudando os fatos linguísticos na linguagem, outra despreza as especificidades da linguagem e busca correlacionar fatos linguísticos como fenômenos da estrutura social.
Neste livro, o autor procura mostrar que a linguagem, que ao mesmo tempo, goza de certa autonomia em relação às formações sociais e também sofre determinações ideológicas. Por meio de uma análise global, mostra que níveis e dimensões são autônomos e determinados. Fazendo questionamentos e reflexões que como ele cita: “Nos domínios da linguagem, parece não existirem afirmações apenas positivas ou só negativas, mas afirmações complexas...” (FIORIN, 2007, p.73).


3.2.        Principais Teses Desenvolvidas na Obra

Linguagem e Ideologia é uma obra composta por 23 (vinte três) capítulos curtos e de extrema eficiência, um livro com uma linguagem forte, completamente estruturada, o autor discorre esta obra com grandes questionamentos e reflexões.
Algumas das teses desenvolvidas por Fiorin na obra “Linguagem e Ideologia” são: Domínio autônomo da linguagem, distinção entre o sistema virtual (a língua) e sua realização concreta (a fala e o discurso) e o que determinaria esses elementos. Em relação ao discurso, define, correlaciona, e distingue sintaxe de semântica. Desenvolvendo as diversas maneiras de dizer uma mesma coisa, autor define outros elementos linguístico como tema e figura.
Ideologia e sua definição, formações ideológicas e formações discursivas, como reflexo da realidade, como arena de conflitos e palco de acordo, a trapaça discursiva. A consciência e seus fatores, a análise, a individualidade na e da linguagem, o lugar da linguagem fazendo parte ou não da superestrutura e o que é comunicar.
          Encerrando a obra, os últimos 03 (três) capítulos trata da conclusão, vocabulário crítico e da revisão da bibliografia comentada, destacando aspectos pertinentes à obra: (1) análise dos questionamentos anteriores sobre o tema e ou sobre temas correlatos; (2) análise de palavras para melhor compreensão da obra e (3) discussão do referencial teórico.


3.3.        Quadro de Referências do Autor

O autor disponibiliza no final da obra uma bibliografia comentada de:
BAKHTIN, Mikhail (Voloshinov). Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo: Hucitec, 1979.
CASSIRER, Ernst. Antropologia Filosófica: ensaio sobre o homem: introdução a uma filosofia da cultura humana. 2. Ed. São Paulo: Mestre Jou, 1977.
FIORIN, José Luiz. O regime 64: discurso e ideologia. São Paulo: Atual, 1987.
GNERRE, Maurizio. Linguagem e Poder. In: Subsídio à Proposta curricular de língua portuguesa para o 2° grau: variação linguística e norma pedagógica. São Paulo, SE/CENP/Unicamp, 1978.
GREIMAS, A. J. & COURTES, J. Dicionário de Semiótica. São Paulo: Cultrix, 1984.
LEFEBVRE, Henri. A linguagem e a Sociedade. Lisboa: Ulisseia, s.d.





4.    REFLEXÃO SOBRE A OBRA


4.1.        Conclusão Sobre a Obra

De um modo geral, o autor apóia-se em diversos estudiosos para emitir suas conclusões. Numa das muitas oportunidades em que declara suas próprias idéias, Fiorin nos lembra que a linguagem é ao mesmo tempo autônoma em relação às formações sociais e também é determinada por fatores ideológicos. Alerta-nos que os estudos devem fugir de duas ilusões: a total autonomia da linguagem e sua redução à ideologia.
Supondo, num exemplo extremo, que na totalidade autônoma da linguagem ou que na redução à ideologia seria o mesmo que extinguir sua complexidade, sua especificidade e seu valor como ciência, observaremos que a linguagem como “corpo” e a ideologia como “alma” não podem ser submetidas a analises distintas, mas sim refletir a fundo as relações que ambas mantém. No entanto como o autor mesmo expõe a linguagem não é uma instituição social igual às outras. Por isso é necessário compreender a influência que ela exerce.
Com esta obra, incentiva-nos a reagir à acomodação e a falsa neutralidade, mostrando a real responsabilidade da linguagem e da ideologia, pois o ato de valor que ambas tem na condição da construção do caráter humano, na exteriorização do pensamento, e agindo sobre o mundo é bem maior que imaginávamos. Respaldando, ainda, suas opiniões em autores de peso, destaca que a história da linguagem como ciência mostra que, no desenvolvimento do homem, há mudanças radicais no significado de todos os conceitos, sendo utilizada uma divisão: inicialmente língua e fala, e Fiorin expõe um terceiro elemento que esses mesmos autores não levaram em conta que é o discurso.
Enfatiza que a maioria dos problemas estudados pelos pensadores surge a partir de um conjunto de teorias científicas que funciona como um conhecimento de base. E é este conhecimento de base que caracteriza a ideologia, deixando claro que a formulação desses conjuntos de ideias (o conhecimento) que servem para justificar e explicar a ordem social, as condições de vida do homem e as relações. Observaremos com essa obra que é bom não se limitar a apenas resolver problemas, mas também formula questões originais e analisar problemas onde outros viam apenas fatos banais, pois “a ideologia é constituída pela realidade e constituinte da realidade” (FIORIN, 2007, p.30).
Enfatiza também o papel da linguagem na transformação da sociedade, apesar da forma de envolvimento da mesma nesse processo de transformação, ser compreendido como objeto de debate. Coerente com essas preocupações, a abordagem crítica é essencialmente relacional: busca investigar o que ocorre nos grupos e instituições relacionando as ações humanas com a cultura e as estruturas sociais e políticas, procurando entender de que forma as redes de poder são produzidas, mediadas e transformadas. Compreenderemos, portanto com essa obra o que o autor cita várias vezes, “que a ideologia dominante é a ideologia da classe dominante” (FIORIN, 2007, p.31). Parte do pressuposto de que nenhum processo social pode ser compreendido de forma isolada, como instância neutra, acima dos conflitos ideológicos da sociedade. Ao contrário, estão sempre profundamente ligados, vinculados, às desigualdades culturais, econômicas e políticas que dominam nossa sociedade.
O autor conclui que coexistem atualmente diferentes linhas filosóficas acerca da natureza sobre linguagem, o que também é válido em relação aos critérios para avaliação das teorias ideológicas.
Finalmente, deixa claro que a linguagem é um fenômeno multifacetado e que a ideologia é determinada pelo nível econômico e é também uma falsa consciência; que existem dois níveis de realidade: o de essência e de aparência; que “o indivíduo não pensa e não fala o que quer, mas o que a realidade impõe que ele pense e fale” (FIORIN, 2007, p.43); que o discurso é reflexo da realidade e que o homem realmente age e transforma a realidade, guiado pela linguagem. Criando assim um círculo de consequências positivas e negativas, reafirmando o que o autor concluir, que nunca existirão respostas apenas positivas ou negativas, mas sim respostas complexas. Questionando aos leitores que a ideologia é um processo de alienação ou não.
Questionamentos, reflexões, ideias, conceitos, teorias e conclusões, a obra “Linguagem e ideologia” é algo que nos remete a pensar.

4.2.        Crítica da Obra

A obra fornece subsídios à construção ideológica e à definição do que é linguagem, à medida que trata dos principais pensadores da construção desse método na história.
Com solidez e equilíbrio, o autor empenha-se em apresentar clara e detalhadamente as circunstâncias e características da obra, compõem esse periódico com explanações acerca da fala, da língua e do discurso, levando-nos a compreender as idéias básicas das várias linhas filosóficas contemporâneas, bem como a descoberta de uma nova maneira de ver o que já havia sido visto, mas não tinha o devido valor. Já que conhecíamos a expressão “Ideologia” mais não compreendíamos seu vínculo com a linguagem.
É uma leitura que exige conhecimentos prévios para ser entendida, além de diversas releituras e pesquisas quanto a conceitos, contextos apresentados, e um verdadeiro interesse do leitor para assimilar tão grandiosos questionamentos, uma vez que as conclusões emergem a partir de esclarecimentos e posições de diversos estudiosos e suas aplicações e posturas quanto ao assunto abordado. Com estilo claro o objetivo, o autor dá esclarecimentos sobre o assunto com exemplos, impulsionando reflexões críticas e discussões teóricas sobre linguagem e ideologia. Com isso colabora com a construção dos questionamentos, mesmo porque o leitor se ver testado a emergir nesse emaranhados de possíveis e novos conceitos, ampliando assim o leque de conhecimentos, fonte de novas ideologias.
Os exemplos citados amplamente nos auxiliam na compreensão da linguagem e nos possibilitam analisar e confrontar várias posições, a fim de chegarmos a uma própria fundamentação ideológica. Finalmente, com o estudo dessa obra, podemos amadurecer mais, ideologizar mais e apreender um certo saber, nos tornando menos ou mais  alienáveis,  sendo o tal agente de mudanças no  mundo ao mesmo tempo, que seremos o reflexo dessa realidade.

4.3.        Indicações

Obra tem por objetivo refletir sobre as relações que a linguagem mantém com a ideologia.
Uma boa escolha para estudantes universitários e educadores dos mais variados ramos para a reflexão da ideologia no contexto social e linguístico, a fim de que os possibilitem nas realizações, planejamentos e desenvolvimentos dos seus próprios questionamentos, iniciando um novo modo de ver a linguagem no contexto social, político e econômico; na graduação e pós-graduação, utilizando-se do rigor necessário à produção de conhecimentos confiáveis essa obra auxilia na construção da ideologia. É de grande auxilio, principalmente, àqueles que desenvolvem trabalhos acadêmicos, é ótimo para entender melhor a importância da linguagem, pois ela é o veículo de todo conhecimento e formadora de toda ideologia.
Não se trata de um simples livro, com capítulos, mas um livro que apresenta os fundamentos necessários à compreensão da linguagem e da ideologia, bem como diretrizes operacionais que contribuem para o desenvolvimento da ideologia, do discurso e da língua atitude crítica necessária ao processo do conhecimento.   
O autor abordou todos os conceitos primordiais para a compreensão da linguagem e da ideologia, elaborou o livro de forma brilhante. Trata-se de uma obra que faz o leitor refletir, questionar, pensar sobre o mundo a sua volta e sobre sua coexistência no mundo, tornando o seu olhar diferente, mais crítico e bem mais observador. Aliás, com essa obra cria-se uma nova ideologia nos leitores que pretendem se deleitar neste livro.




5. CONCLUSÃO

A língua como elemento social, porém abstrata que sobre modificações, tem sua exteriorização concreta e individual através da fala que por sua vez não sofre modificações.
Mas de que maneira a língua, o pensamento e a ideologia estão concatenados?
Fiorin defende que a língua é móvel, o pensamento é a interiorização dos conhecimentos obtidos ao longo da vida e a ideologia são reflexões, conjuntos de ideias que justificam e explicam o modo de agir do homem.
Sendo ideologia alma e a linguagem corpo construção intelectual do homem, ambas não podem ser analisadas distintamente, mais sim correlacionadas para melhor concepção. Outro elemento muito importante e exposto pelo autor é o discurso, fenômeno autônomo e determinado, sendo um campo de manipulação e determinações, altamente estruturado e por definição é a materialização das formas ideológicas.
Assunto desafiador, e extremante complexo, foi fonte de grandes e contestáveis reflexões, mas foi um subsídio para alguns questionamentos ideológicos, além de agir e influir no comportamento e na opinião de que leu e o estudou, obrigando a análise fazer mais e mais questionamentos. Obra persuasiva, que contesta e questiona todo o momento as mentes dos leitores.





5. REFÊRENCIAS LITERÁRIAS

FIORIN, José Luiz; PLATÃO, Francisco Savioli. Para entender o texto: leitura e redação. – 17 ed. – São Paulo: Ática, 2007.
FIORIN, José Luiz. Linguagem e Ideologia. – 8° ed. – São Paulo: Ática, 2007.

Sobre o Autor e a Obra:
Universidade de São Paulo:
https://sistemas.usp.br/tycho/CurriculoLattesMostrar?codpub=47A0AF40D064 [20/09/2011 10:20]
Livraria Virtual O Livreiro:
http://www.olivreiro.com.br/livros/2273088-linguagem-e-ideologia [20/09/2011 10:55]

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